Edição 36 – JAN-FEV/22
05/01/2022Papel é problema nacional
A indústria gráfica e da comunicação do Brasil enfrenta mais um problema ameaçador à própria sobrevivência das empresas: as elevadas e constantes subidas no preço da matéria-prima, em especial o papel offset ou couché, que soma-se aos demais custos de produção.
Diversos empresários já manifestam apreensão pelo risco que suas empresas correm (após dois anos de enfrentamento à crise de demanda e à massificação acelerada da digitalização), haja vista a impossibilidade óbvia de poder repassar os aumentos dos custos para o consumidor final. A este cenário, acrescente-se a dificuldade de encontrar papel em alguns mercados ou a falta de opções nas cidades que contam com apenas um fornecedor – para não falar na guerra que eclodiu na Europa e já impacta no mercado internacional de papel. Um cenário que ameaça a estabilidade de todo o setor gráfico, mas que atinge principalmente as empresas de micro e pequeno porte, que têm menor margem de manobra para lidar com as incertezas.
Diante deste grave cenário, a ANDIGRAF (Associação Nacional das Indústrias Gráficas e da Comunicação) buscou, entre outras ações, o apoio junto ao Governo Federal, propondo que sejam reduzidas as alíquotas de importação de papéis de escrever e imprimir. A proposta objetiva elevar a concorrência no mercado interno e regular os estoques dos distribuidores, reduzindo os preços e a inflação do mercado de papéis que nos últimos meses tiveram aumentos de até 120% em alguns tipos.
São aumentos insuportáveis que pulverizam as margens de lucro e provocam impactos em todo o setor gráfico, em meio a uma das etapas mais cruciais da sua história. Aliás, esses problemas em cascata atingem não apenas às gráficas, mas a todos os players da cadeia de produção, incluindo livreiros, editoras e o setor educacional. Um problema nacional que extrapola o mundo gráfico e reclama solução definitiva por parte das autoridades responsáveis.